A maioria das pessoas respira naturalmente pelo nariz quase o tempo todo. Os humanos evoluíram dessa maneira. Afinal, assim é possível manter a respiração nasal enquanto comemos, para não engasgar.
Porém, algumas pessoas desenvolvem a respiração oral mais tarde na vida ou já nascem respirando pela boca devido à composição estrutural do corpo. Em ambos os casos, a respiração acontece inconscientemente pela boca, configurando a chamada síndrome do respirador bucal. A questão não é tão inocente quanto se pensa, podendo levar a diversos outros problemas de saúde.
Em crianças, a respiração bucal pode causar dentes tortos, deformidades faciais ou crescimento deficiente. Já em adultos, a respiração bucal crônica tende a gerar mau hálito e doenças gengivais, podendo, inclusive, piorar os sintomas de outras doenças.
Conheça mais sobre essa síndrome ao ler este post.
O que é a síndrome do respirador bucal?
A síndrome do respirador bucal acontece quando se inspira ar pela boca e não pelo nariz, sendo o motivo pelo qual algumas pessoas acordam com a boca seca e babam nos travesseiros.
Mas ela causa mais problemas do que travesseiros encharcados. A maioria das pessoas que desenvolve síndrome do respirador bucal quando criança tem o risco de se deparar com outras questões de saúde a longo prazo.
Qual é a diferença entre respirar pelo nariz ou pela boca?
Existem várias diferenças entre respirar pela boca em vez de pelo nariz:
- Quando se respira pelo nariz, minúsculos pelos chamados cílios filtram detritos como alérgenos, poluição e até pequenos insetos. A boca não oferece essa proteção;
- Os pulmões e garganta funcionam melhor com ar úmido. O nariz tem estruturas ósseas chamadas cornetos que lidam com essa tarefa. O ar que você ingere pela boca é mais seco;
- Da mesma forma, a garganta e pulmões funcionam melhor com ar quente. Quando se inspira pelo nariz, o ar é aquecido gradualmente até ficar mais próximo da temperatura do corpo, facilitando a absorção dos tecidos.
Causas da síndrome do respirador bucal
A obstrução nasal (o bloqueio parcial ou completo das vias aéreas nasais) é um motivo comum para a síndrome do respirador bucal. Você pode ter um nariz entupido de coisas comuns, como:
- Adenoides aumentadas: as adenoides são glândulas localizadas acima do céu da boca e atrás do nariz. Elas protegem de bactérias e vírus. Às vezes, as adenoides estão inchadas ou infectadas, bloqueando as vias aéreas. Geralmente, tendem a encolher à medida que as pessoas envelhecem, portanto, quando estão aumentadas são mais propensas a causar respiração bucal em adultos;
- Congestão nasal: se você tem alergias, resfriados ou sinusite crônica, pode ter um nariz entupido persistente que o impede de respirar pelo nariz;
- Septo desviado: o septo é cartilagem e osso que divide o interior do nariz em dois lados. Quando o septo se inclina para um lado, pode bloquear as vias aéreas.
Outras condições como apneia do sono podem causar síndrome do respirador bucal enquanto você dorme. Quando ocorre um episódio de apneia do sono, você para de respirar. Isso faz com que seu cérebro entre em pânico, o que leva a um ronco alto quando seu corpo, de repente, fica sem ar. Esses eventos podem criar o hábito de respirar pela boca para que seu corpo receba oxigênio suficiente.
Complicações da síndrome do respirador bucal
Respirar pela boca pode ressecar as gengivas e o tecido que reveste a boca. Isso tende a alterar as bactérias naturais da boca, levando a doenças nas gengivas ou cáries.
Durante longos períodos, a síndrome do respirador bucal também pode levar a mudanças físicas em crianças, como:
- Rosto alongado;
- Olhos caídos;
- Manchas escuras sob os olhos;
- Narinas estreitas;
- Problemas de vedação dos lábios;
- Lábios secos;
- Lábio superior estreito;
- Mordida aberta para frente.
Sintomas da síndrome do respirador bucal
Pode ser difícil saber se você respira pela boca, especialmente se isso acontece enquanto se dorme. São sinas da síndrome do respirador bucal:
- Boca seca;
- Ronco;
- Mal hálito;
- Rouquidão;
- Sentir-se cansado e irritado ao acordar.
Se esses sinais são comuns no seu dia a dia, converse com um cirurgião dentista. Não há um teste simples para diagnosticá-lo, mas é possível fazer vários exames para reconhecer se você respira pela boca.
Conheça alguns deles:
- Testes visuais: verificam como seus lábios estão bem selados, se você tem mudanças físicas;
- Testes de respiração: o especialista realizará pelo menos dois dos três testes: um teste de espelho graduado, um teste de retenção de água ou um teste de vedação labial;
- Perguntas: o cirurgião-dentista também fará perguntas como: “Você fica de boca aberta quando está distraído?” ou “Você acorda com dor de cabeça?”
Suas respostas ajudarão a encontrar a causa de sua condição e a melhor forma de tratá-la.
Tratamento e prevenção da síndrome do respirador bucal
Se o formato do nariz ou do rosto for a causa da respiração bucal, talvez você não consiga tratá-lo diretamente. Mas se uma condição secundária causar respiração bucal, seu cirurgião-dentista poderá tratá-la primeiro. Isso pode ajudar a respirar melhor pelo nariz.
Por exemplo, você pode precisar tomar remédios para alergia ou, se tiver apneia do sono, fazer tratamentos com base em quão leve ou grave é o seu caso.
Para a apneia do sono moderada, o responsável pelo atendimento pode recomendar que você perca o excesso de peso e evite álcool, que use travesseiros especiais ou tome medicamentos para problemas de sinusite e congestão.
Já em casos mais intensos, pode ser necessário usar uma máscara especial sobre o nariz ou a boca enquanto dorme. Essa terapia, chamada Terapia de Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas (CPAP), empurra suavemente o ar pelo nariz ou pela boca para evitar o colapso do tecido das vias aéreas superiores.
Você também pode tentar algumas medidas preventivas em casa:
- Pratique inspirar e expirar pelo nariz;
- Mantenha o nariz limpo;
- Reduza o estresse para não perder o fôlego com a boca;
- Use um travesseiro maior para sustentar a cabeça quando dormir;
- Exercícios físicos.
Como deu para perceber, a síndrome do respirador bucal precisa ser tratada o quanto antes! Procure um cirurgião-dentista e evite o seu agravamento no futuro.